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Porque “Guilherme” em Inglês é “William”

Porque “Guilherme” em Inglês é “William”

Em mais um texto do brilhante Prof. Denilso de Lima ele explica porque o nome “Guilherme” em português é traduzido com o “William” em inglês e vice-versa. Esse artigo é uma continuação do texto anterior: Porque “James” em inglês é traduzido como “Tiago” em português, o qual eu recomendo severamente a leitura. Agora vamos ao texto do professor:


Depois de contar a história de como TIAGO e JAMES são o mesmo nome com histórias diferentes, vários curiosos perguntaram como é que WILLIAM virou GUILHERME em português.

Ok! Vamos à história por trás desses caras e entender como isso aconteceu. Mas, preste atenção! Se você achou o rolê linguístico do Tiago e do James louco, eu já aviso que esse daqui é mais doido ainda!

Para começar, preciso falar sobre o proto-germânico. Uma língua ancestral do inglês que existiu entre os anos 500a.C. e 500d.C. Portanto, pelo tempo de sua existência, sabemos que os romanos – falantes de latim – tiveram contato com os povos que falavam o proto-germânico.

Agora que coloquei você a par do começo do rolê, continue lendo! O bagulho vai ficar bem sinistro a partir de agora!

Lá no proto-germânico, o W no começo das palavras tinha um som tão estranho que os falantes de latim não conseguiam reproduzi-lo direito. Assim, ao invés de fazer o som do proto-germânico, eles pegavam um som aproximado do latim e usavam no lugar. Foi dessa forma que os romanos meteram um GU no lugar do W.

Para você entender melhor, essa confusão aí é a mesma que ocorre hoje em dia com o pessoal que não consegue fazer os sons do TH em inglês. Eles recorrem aos sons de F, T, S e Z para compensar.

Para provar a teoria da troca do som do W por um GU, se liga nisso aqui! Os falantes do proto-germânico tinham a palavra *werz-a. Os romanos meteram um “gu” no lugar do “w” e pronunciavam algo como “guerza”. Com o tempo, o “z” foi sumindo e essa palavra chegou até nós como “GUerra”. Já em inglês, ela chegou como “War”. Note o W e o GU aí na parada. Isso é muito maluco!

Tem outra ainda! Os falantes do proto-germânico quando faziam a guarda de um local usavam o verbo *wardon para se referir a isso. Em inglês antigo, essa palavra chegou como WARD e em português chegou como GUARDAR. Não sei vocês, mas eu me arrepio com isso! De novo, o W e o GU aparecendo respectivamente em suas línguas.

Tá bom! Mas, como é que o WILLIAM e o GUILHERME aparecem nessa maluquice?

Lá no proto-germânico, o cara que tinha o nome Wiljahelmaz, ou apenas Willjan para os íntimos, teve o som do W trocado por GU no latim e ficou conhecido como Gullealmus, ou Guillelme. A partir daí, você precisa entender que o latim teve de fazer sua viagem pela boca do povo.

Dessa forma, os dois LL eram certamente pronunciados como LH. Para provar isso, no espanhol – língua de origem latina –, um dos sons do LL lembra o nosso LH. Tipo, “ella llora” soa “elha lhora”. Quando o português começou a achar seu rumo, a galera trocou o LL por LH em algumas palavras.

Portanto, o W do proto-germânico virou GU no latim. Os dois LL que o latim meteu ali virou LH para nós. Já temos “GUILHE”. Agora, como é que o último L de Guillelme virou um R?

Essa é a parte mais fácil. Até hoje, em alguns rincões afastados dos grandes centros urbanos e onde o português brasileiro é falado, o pessoal mete um R ao falar certas palavras com L: marvado (malvado), carça (calça), armoço (almoço), Ansermo (Anselmo). Isso serve para provar que até um tempo não muito distante, o L tinha o som de R em certos momentos.

Fato extra: em Linguística a gente sabe que quanto mais afastados os falantes de uma língua estiverem dos centros urbanos, mais próximo estaremos de como a língua era falada no passado. Tenho várias histórias para contar a vocês sobre isso. Se quiserem claro!

Chegamos ao fim da história de como WILLIAM, que virou GUILLELME no latim, acabou se tornando GUILHERME em português.

Se você leu até aqui, parabéns! Eu disse que o bagulho era mais doido que a história de TIAGO e JAMES. Agora recomponha-se e curta, comente e compartilhe este texto se gostou.

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Fui!


Prof. Denilso de Lima

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Veja também: Português não é para amadores!

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Inglês na Ponta da Língua

2 thoughts on “Porque “Guilherme” em Inglês é “William”

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