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A Notável Competência da Dra. Renata Alexandra

A Notável Competência da Dra. Renata Alexandra

Hoje eu venho lhes falar sobre um acidente que sofri recentemente na ciclovia e como fui tratado remotamente por uma médica amiga que vive em Natal, RN. Dica importante: utilize joelheira. Se eu tivesse feito isso não teria passado pelo sofrimento.

Situação

Estava eu em minha pedalada diária no dia 13/04/2020, dessa vez na companhia do amigo Patrício fazendo o trajeto de 40 Km entre minha casa e o quebra-mar da Barra da Tijuca. Saímos por volta de 17h e regressamos à noite para evitar trafegar em meio a grande fluxo de pessoas por conta da pandemia da COVID-19. Minha bicicleta é bem equipada para andar no escuro contando com um potente farol, sinalização traseira e lanternas de reserva. O dia estava excelente, fomos até nosso objetivo final, no regresso paramos para lanchar na padaria ao lado do Golden Green, e prosseguimos tranquilamente em nossa atividade.



O Acidente

Estávamos no trecho da Reserva e a já estava bem escuro. Nesse trecho da ciclovia não há qualquer iluminação mas o farol dava conta de deixar o caminho agradavelmente iluminado.

Vista da ciclovia no trecho da Reserva


Avistei um ciclista vindo no sentido oposto, o que não é problema visto que a ciclovia é bem espaçosa para comportar o tráfego nos dois sentidos. Percebi que ele vinha pelo meio da pista e não na faixa dele conforme era esperado mas prosseguimos normalmente acreditando que, ao se aproximar, ele iria para a sua faixa. Nós estávamos a quase 20 Km/h.

Quando chegou mais perto pude perceber que ele estava olhando para baixo, para o chão e não para onde estava indo. Cheguei a pensar em buzinar mas imaginei que, naquela distância e velocidade que nos aproximávamos, o susto que ele levaria poderia causar um acidente. Como estava na total escuridão era impossível que ele não visse o feixe do meu farol no sentido oposto. Acreditei que ele iria desviar mas, pelo contrário, quando chegamos no ponto de cruzarmos um pelo outro ele veio para a minha faixa! Em um ato reflexo, para evitar a colisão frontal, desviei para fora da ciclovia, o desnível e a vegetação me fizeram perder o controle da bicicleta.

Local do acidente


Nos segundos seguintes deixei de sentir a bicicleta sob meu corpo, deixei de sentir o meu peso. Estava flutuando como se estivesse em gravidade zero. Naquele momento percebi que não tinha qualquer controle sobre a minha trajetória, o tempo era muito curto até para adotar uma posição de impacto. Antes que eu pudesse evoluir uma estratégia já estava sentindo o solo em meu corpo. Percebi que estava sendo arrastado sobre o piso de ásperos paralelepípedos da ciclovia. Não havia nada que eu pudesse fazer para deter o movimento do meu corpo a não ser torcer para que as lesões fossem leves.

Ao final da queda eu estava deitado na lateral da ciclovia oposta ao lado que havia caído, me contorcendo de dor e me movimentando para tentar aliviar um pouco. O amigo que me acompanhava ficou alguns segundos apenas olhando e aguardando que eu fizesse o levantamento da extensão das avarias em meu corpo. Rapidamente pude perceber que não havia qualquer fratura e que estava fora do risco de ter luxado o ombro, uma vez que sofro de luxação escápulo-humeral bilateral recidivante. Estava com as pernas e as mãos bem ensanguentadas.

Um pouco mais à frente estava parado o causador do acidente, ainda assustado olhando para nós. Ele pediu desculpas e disse que estava distraído. Perguntou se havia algo que pudesse fazer. O que ele poderia fazer seria olhar por onde anda! Dissemos que ele poderia ir embora. Ficamos ali mais um tempinho, assim que dor aliviou um pouco peguei minha bicicleta, que estava em perfeito estado exceto pelo farol que havia quebrado, e continuamos o caminho de regresso utilizando uma das lanternas de emergência, que apesar de não iluminar tão bem quanto o farol, era suficiente para atravessarmos o trecho de total escuridão da Reserva.

Eu sabia que precisava chegar logo em casa porque depois que passasse o pico de adrenalina causada pelo acidente a dor viria em sua totalidade. Cheguei em casa e consegui tomar banho lavando o ferimento sem sofrer muito. Já sabia que iria ter que passar por um processo nada rápido para curar os ferimentos.

Início do Tratamento – Caseiro

Nessa época toda a sociedade já estava em alerta máximo devido ao surto do novo coronavírus SARS-CoV-2, pessoas mantinham distância de 1,5 m umas das outras para evitar contaminação, até mesmo o Patrício, meu amigo de caminhada no dia do acidente ficou me monitorando à distância enquanto eu estava deitado à beira da ciclovia no dia do acidente. Definitivamente eu não queria ir a um hospital para tratar dos ferimentos.

Minha esposa, Kelly, é nutricionista que compartilha os princípios da medicina. Combinamos que ela iria cuidar de mim, em casa, e ela assim o fez, porém logo nos primeiros dias percebemos que estavam se formando colônias de bactérias no ferimento (isso ela conhece muito bem!) e vimos que seria necessária a ajuda médica especializada.

Dra. Renata Alexandra Entra em Ação

No lugar de me arriscar a ir a um hospital tive uma ideia: acionar minha amiga Dra. Renata Alexandra, ginecologista que atua em Natal, no Rio Grande do Norte. Ela é a responsável técnica pela Unidade Mista de Mãe Luiza.


Nessa época de pandemia ela nos relata diariamente a grande luta que vem enfrentando por estar trabalhando na linha de frente de combate à doença atendendo incontável número de pessoas diariamente no hospital em que trabalha.

Eu sabia que ela estava sobrecarregada, passando noites sem dormir e se alimentando mal, travando uma batalha incessante para salvar a maior quantidade possível de pessoas e deixar sua unidade saúde capaz de atender os novos casos da doença, que chegavam aos lotes diariamente, mas não custava tentar a possibilidade de ela me prestar atendimento.

Fiz fotografias detalhadas do ferimento e enviei para ela. Disse que entendia perfeitamente a situação que ela estava enfrentando e a deixei bem à vontade para me atender apenas se realmente pudesse. Entendia que meu caso era insignificante perante o que ela estava enfrentando e pedi que ela me desse atenção apenas em horário que não fosse prejudicar a vida dela ou a qualidade do atendimento que ela estava prestando para aquelas pessoas que realmente necessitavam de seus cuidados.

Para minha felicidade ela acompanhou meu caso, foi passando as orientações todos os dias conforme eu lhe enviava fotos. Em primeiro lugar ela manteve os medicamentos que estavam sendo utilizados para passar sobre o local e ainda passou mais um fármaco de uso oral. Em ato contínuo me mandou ir a um posto de saúde para ministrar vacina anti-tetânica. Muito contra a vontade fiz isso no dia seguinte.

No posto de saúde para tomar a vacina anti-tetânica


Como parte do tratamento ela me mandou fazer um procedimento chamado desbridamento, que consiste em esfregar toda a área da ferida com o dedo ou material poroso de modo a ir desbastando a camada superior. Sim, isso além de ser muito incômodo, dói para valer!

O tratamento que ela passou foi tendo resultado até que, por um infortúnio, o local do ferimento foi atingido uma segunda vez e o estado se agravou. Ela mandou trocar os medicamentos e continuar com os procedimentos que já havia passado.

Não foi fácil, o processo de cura estava bem lento. No total foram quase 30 dias e ela foi acompanhando pacientemente minha recuperação dia a dia. Todos os dias ela avaliava as fotos que eu enviava e avaliava o progresso do tratamento. Quando necessário trocava os horários dos medicamentos, quais procedimentos fazer, tudo com grande esmero.

Deixei registrado em fotos toda a evolução do tratamento então, apenas clique no botão abaixo se você realmente quiser ver a evolução e não tiver problemas em ver as imagens fortes:

O que posso dizer é que o atendimento dela foi bem mais presente que o atendimento em um hospital, que com certeza não iria me dar essa atenção com tamanha frequência. Hoje meu joelho está curado e ela continua sua luta para, além de atender suas pacientes padrão, atender aos inúmeros casos de pessoas que chegam à sua unidade de saúde acometidas da COVID-19. Uma pessoa que leva a vocação da medicina além do ordinário, como uma filosofia e meta de vida. Por mais médicos com o comprometimento de salvar e ajudar pessoas como a Dra. Renata Alexandra.

6 thoughts on “A Notável Competência da Dra. Renata Alexandra

  1. Graças a Deus, não foi nada pior primo. Parabéns a Dra Renata pelo excelente atendimento.

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