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Quem Merece Morrer?

Quem Merece Morrer?

É tanta insanidade proferida por extremistas de ambos os lados que eu precisava dar minha opinião, mas quando estava começando a escrever me deparei com estes dois textos geniais que representam melhor a minha ideia que, no final das contas, é muito simples e se baseia em alguns pontos:

1. Princípo de Lavoisier: Posso discordar das suas ideias mas defenderei até a morte o seu direito de defendê-las.

2. A justiça, o direito à vida, deve ser igual para todos os seres humanos. Entendeu? “seres humanos”. Não deve privilegiar probre, rico, preto, branco, macho, fêmea, gay, crente, macumbeiro, ateu, motorista de ônibus, gari, engenheiro, vereador ou Presidente.

3. Matar é errado, discutir ideias e soluções para problemas é certo.

E finalmente, chega de falar que no mesmo dia da morte da Vereadora também foi morta uma professora, branca, da elite e isso não teve repercussão na imprensa. Isso não é proteção a um determinado grupo, isso é uma lógica que rege a publicidade. Políticos, artistas, pessoas públicas em geral ficam no holofote da imprensa, tudo que acontece com eles é amplamente veiculado. A imprensa não precisa e não tem capacidade ou viabilidade de veicular todos os assassinatos que acontecem diariamente na zona de guerra do Rio de Janeiro, já a Polícia tem a obrigação de desvendar todos os casos e a justiça também tem a obrigação de punir todos os malfeitores.

Não interessa se na sua opinião bandido bom é bandido morto, ou se você acha que aqueles dejetos humanos devem ser reintegrados à sociedade, não use o caso da morte da Marielle Franco para defender seu ponto de vista. O crime foi cruel, bárbaro e injustificável para qualquer ponto de vista. Os lixos humanos que fizeram isso tem que ser punidos não interessa qual a posição política deles.

Agora vamos aos textos dos amigos:

Dhiego Almeida

Matar uma pessoa é crime.
Matar um policial é crime.
Matar uma vereadora é crime.
As consequências podem ser diferentes, mas todos são crimes, de igual maneira.
Enquanto você escolhe qual desses mais te ofende, tem alguém usando isso para manipular você. O Rio não deve admitir mais nenhuma morte, isso não é normal e não pode ser comum. Precisamos estar indignados com todos os crimes, não tolerar nenhum deles, não sossegar enquanto não houver justiça para o negro pobre, para a mulher, para o branco rico, enfim, justiça para todos. Pois justiça não é vingança, justiça é equilíbrio.

Macleuler Lima

Ainda sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco [minha modesta e possivelmente falha opinião]:

Discordo tanto da narrativa perturbada da esquerda quanto da narrativa preconceituosa da direita no que diz respeito ao assassinato de Marielle.

Marielle era ativista marxista, ex-favelada, preta e lésbica. Não concordo com a maioria das pautas e nem com boa parte da ideologia dela. Mas diminuir e justificar o assassinato dela com argumentos primários é um desserviço à civilização. Ela era do PSOL? Ela era lésbica? Ela era (coloque seu rótulo favorito aí)? E DAÍ? O que importa é que foi morta covardemente… Foi a polícia? Foi o tráfico? Foram as milícias? Oxalá tenhamos respostas em breve. Por hora o que existe é uma disputa de narrativas que convêm a um ou outro grupo politicamente engajado.

Uma sociedade civilizada não sai matando a torto e a direito como acontece por aqui. Isso é um absurdo quando afeta tanto pretos e brancos, crentes e ateus, ricos e pobres, mortadelas e coxinhas, gays e héteros e por aí vai… Evidentemente , não deveria haver distinção da repercussão de atos de violência desse tipo, já que a vida é um valor universal e imensurável [Meu Deus, são 60 mil homicídios por ano em Banânia – um descalabro completo!].

Por outro lado, a figura pública de Marielle acabou encarnando as vozes quase sempre inaudíveis das periferias das metrópoles brasileiras. Sua morte se converteu em mais um símbolo das enormes injustiças que recaem sobre essa parcela da população que vive numa invisibilidade assombrosa e num estado de vulnerabilidade injustificável. Por isso a indignação, o luto e a tristeza além-Rio.

As manifestações transloucadas que vejo nas redes sociais ou são preconceito ou má-fé ou ignorância de ambos os lados – desde a turma alienígena-do-Leblon do Freixo até os descerebrados neo-eleitores do Bolsonaro.

Fico triste ao ver o tanto que ainda precisamos evoluir como sociedade e aprender simplesmente a respeitar uns aos outros, independentemente de qualquer coisa. Isso deveria ser tão elementar…. mas infelizmente não é…
Que Deus abençoe o Brasil e tenha misericórdia de nós.

Ainda Sobre Marielle

Meu amigo Giniton Lages foi o delegado pela investigação do caso do assassinato da Vereadora e seu motorista. Ele escreveu um livro relatando o seu ponto de vista dos fatos e considero leitura imperdível para quem deseja ter uma visão mais apurada sobre o assunto. Segue o link para aquisição do livro:

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