Todos sabem que sou defensor da plataforma Microsoft de carteirinha (literalmente falando!) e não tenho nada contra outra empresas defenderem seus produtos mostrando seus pontos positivos e os negativos do concorrente,mas nessa história de Linux x Windows tenho visto algumas aberrações e venho ao meu público esclarecer-lhes algumas verdades sobre esse assunto.
Em primeiro lugar, antes que digam que estou falando sobre algo que desconheço, deixo claro que tenho estudado o Linux nos últimos meses. Se você olhar meu computador, tenho duas distribuições de Linux instaladas aqui: O Kurumim, que faz boot pelo CD, e o SuSE instalado em um Virtual PC dentro do meu Windows. Ambos funcionando perfeitamente e me dando base para diversas pesquisas.
Hoje participei de um evento a respeito de Linux, ministrada por uma conceituada empresa do ramo e por profissionais competentes. No momento da palestra não me pronunciei por não achar elegante fazer as colocações que passaram em minha mente, mas para o meu público, acho justo fazer alguns esclarecimentos para que vocês não caiam como bobos enganados quando ouvirem este tipo de conversa. Vou expor aqui alguns pontos que foram colocados pela equipe pró-Linux e minhas explicações logo abaixo.
1 – O Linux executa uma série de serviços de rede a custo zero.
Temos nessa frase duas coisas distintas, ambas são verdadeiras quando colocadas isoladamente, porém em conjunto não é verdade. O Kernel do Linux é gratuito, o que possibilita qualquer desenvolvedor utilizar o Sistema Operacional gratuitamente e, como é Open Source, esse mesmo desenvolvedor pode fazer as devidas alterações no Sistema Operacioal e distribuir. Por isso, o Linux possui várias distribuições diferentes, cada uma com o seu preço. O Linux executando todos os serviços de rede (DNS, DHCP, Web Server, etc.) não é gratuito. Segue abaixo alguns preços: SuSE Linux Enterprise Server (completíssimo, faz tudo), US$ 1.000, Red Hat Enterprise Linux ES, US$ 2.600. Só para comparar, o Windows Server 2003 com o Small Business Server, que inclui o Exchange Server (Servidor de mail), SQL Server (banco de dados), ISA Server (firewall) e mais alguns aplicativos custa R$ 5.000,00 para cinco usuários. Ao final das contas, Windows vai sair mais caro em alguns casos, mas daí a dizer que o Linux faz tudo a custo zero… Isso sem falar que, da forma que foi colocado, parecia que o Windows não faz aqueles serviços de rede. Saibam que, mesmo a versão mais simples do Windows Server 2003, traz por padrão todos os serviços para gerenciar uma rede.
2 – O Linux é mais estável que o Windows.
Para ter argumento, o palestrante mostrou uma daquelas terríveis telas azuis do Windows 98. Realmente, temos que concordar que as versões antigas do Windows tinham um sério problema no gerenciamento de memória que freqüentemente causava aquelas irritantes travas. Agora, meus caros amigos, se você utiliza Windows na versão 2000 ou posterior (2000, XP, 2003), lembra de quando foi a última vez que seu Sistema Operacional travou por aquele insano motivo? A verdade é que aquele problema no gerenciamento de memória já foi solucionado desde as versões mais sofisticadas no NT, e tem gente que insiste em tocar nesse assunto! Estamos em 2004. Já fazem, pelo menos, quatro anos que o maior problema do Windows foi solucionado e tem gente que ainda insiste em lembrar dele. Será falta de assunto? Será que é porque não encontraram outro defeito? Só para ilustrar esse tópico, apesar de o Linux estar muito bom hoje, nem vou comentar como ele era o em 1998… Vamos trabalhar com os parâmetros atuais e não como eles eram antigamente.
3 – O Linux é o Sistema Operacional mais seguro que existe.
Sem querer proteger A ou B, com certeza Linux não é mais seguro que Windows seja qual for o ponto de vista. No tocante a backup e redundância de dados, sabidamente existem muito mais programas para Windows. Agora, quanto a ataques, invasões ou outras ameaças combinadas é melhor vermos números do que simplesmente falar pela emoção. – Em seu código de programação, Windows possui 40 milhões de linhas destinadas a segurança contra 1,5 milhão de linhas do Linux.
4 – Atualizações do Linux são mais rápidas que no Windows.
Hein? Será mesmo que aqueles milhões de desenvolvedores espalhados pelo mundo todo resolvem um problema mais rapidamente que os engenheiros da Microsoft reunidos no mesmo prédio? Aí é abusar do meu bom senso…
5 – Se não fizer Windows Update, o Windows fica vulnerável.
Então quer dizer que o Linux não possui vulnerabilidades? Uau contrataram Deus para fazer o Linux! É mesmo? Só Ele pode ver o futuro e fazer algo perfeito desde a sua concepção!
6 – Como é Open Source, é muito fácil fazer novos device drivers.
Toma vergonha nessa cara! Quem disse que é fácil programar um device driver? Teoricamente, só consegue programar uma coisas dessas, é o próprio fabricante do dispositivo, pois ele tem todo o esquema eletrônico e de gerenciamento de memória de algo que ele mesmo concebeu.
7 – Ser gratuito é melhor do que ser funcional.
Acreditem, tive que ouvir a frase: “não é garantido, mas é gratuito!”. Sem comentários…
8 – O Linux roda em qualquer computador, mesmo antigo e com pouca memória.
Sim, roda, mas sem a interface gráfica. Só para lembrar, sem interface gráfica o MS-DOS rodava em um computador chamado IBM-PC na década de 1980, sem HD, com apenas um drive de disquete de 360 Kb e memória RAM de 64 KB!
9 – Como o código é fechado, você não sabe o que o Windows está fazendo com suas informações.
Opa! Agora partiu para o lado do terrorismo! Segundo o nobre palestrante, todas as suas informações são enviadas para os computadores da Microsoft ou para os escritórios da Agência de Defesa dos EUA. Se assim fosse, porquê eles permitiram os atentados de 11 de setembro? Será que os terroristas não usavam computadores em suas comunicações?
Fico por aqui esperando que novos eventos sobre Linux que eu venha a participar tenha conteúdo mais proveitoso.
