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Open Source e Comunismo

Open Source e Comunismo

Neste artigo, Mauro Sant’Anna mostra como alguns ideais do Linux podem ser mera utopia.

O movimento de “Software Open Source” tem incríveis semelhanças com o comunismo, tanto na teoria como na prática. Isso mesmo, aquele comunismo dado por terminado quando da queda do muro de Berlin em 1989.

Para começar, o Open Source e o comunismo compartilham o mesmo lema utópico: “de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com suas necessidades”,ou seja, os desenvolvedores vão criando os programas e quem precisar vai pegando. Pergunto se os programadores irão também comprar em “supermercados Open Source”, morar em “apartamentos Open Source” e dirigir carros “Open Source”. Em Cuba ainda é assim e acredito que poucos programadores gostariam de ir morar lá. Quero também saber o que acontecerá quando grandes empresas começarem a lucrar com o trabalho gratuito desses programadores voluntários.

Você trabalharia de graça para o “Bem da Humanidade?” Talvez sim. E para o “Bem da IBM”, uma das empresas que anunciou grande apoio ao Linux? Outra semelhança é que os entusiastas do Open Source defendem-no com um fervor messiânico.  Eles acham que estão “salvando o mundo” e quem for contra deve ser convertido ou destruído. Eles são extremamente barulhentos, engajados e contam com uma representação desproporcional nos meios de comunicação, tal qual os comunistas.

Tem mais: o pessoal do Open Source glorifica as atividades “de chão de fábrica”, o desenvolvimento, em detrimento de atividades como projeto, financiamento, marketing e distribuição. Na criação de um grande projeto de software, a programação é menos de 50% do trabalho. Alguém tem que dizer quais características os produtos devem ter, coordenar o desenvolvimento, distribuir o produto final, dar suporte técnico etc.  Tal como os comunistas que achavam que só os operários criavam riquezas e o pessoal de administração que cuidava de coisas como projeto, finanças, distribuição, marketing e vendas eram “burgueses parasitas”, desnecessários.

Como os comunistas, o pessoal de Open Source tem uma atração por infraestrutura, em detrimento de produtos para o consumo. Os soviéticos gostavam de construir siderúrgicas e hidrelétricas ao invés de televisões e geladeiras. Os projetos Open Source mais visíveis são de infra-estrutura como o sistema operacional Linux, seguido por servidores Web (Apache) e servidores de banco de dados (MySQL, Interbase). Já os aplicativos não são tão “charmosos” e como conseqüência o Linux tem pouca penetração perante os usuários finais.

Um comunista sempre achava que os capitalistas estavam errados, mas também raramente concordava com a opinião de outro comunista.  A crônica fragmentação das esquerdas também está presente no Open Source. Por exemplo, segundo o IDG existem literalmente centenas de distribuições do Linux, cada uma “melhor” que a outra, segundo os próprios criadores.  A dificuldade que isso cria tanto para os desenvolvedores quanto para os usuários finais são enormes. Para que interface gráfica você vai desenvolver? KDE, Gnome ou alguma outra? Que distribuições o seu pessoal de suporte deve conhecer? Apenas no site da Netscape em 23 de abril (2004) existiam cinco versões de Netscape Communicator para Linux e apenas uma para todos os Windows de 32 bits.

E, finalmente, os defensores do Open Source têm uma semelhança mais sinistra com o comunismo.  Assim como Lênin, eles consideram que a ditadura é necessária ao sucesso do Open Source.  No Brasil existem correntes que defendem a obrigatoriedade do uso de software Open Source em órgãos governamentais, independente de seus méritos. Ora, se o Open Source é tão bom, por que ele necessita da repressão para ser bem sucedido? Será que nós realmente precisamos de uma “coletivização forçada” na informática?

Eventuais comentários podem ser enviadas para abaixocomunismo@ig.com.br ou aos cuidados desta revista. Este artigo foi publicado na revista Developers – edição de Maio de 2004.

Mauro Sant’Anna é “MSDN Regional Director”. Ele tem softwares publicados no Brasil e exterior e coordena os treinamentos da plataforma “.NET” na M. A. S. Informática. Mauro escreve regularmente para diversas publicações e já ministrou dezenas de palestras em congressos no Brasil e EUA.

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