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Social Networks: uma nova onda?

Social Networks: uma nova onda?

A nova onda das redes sociais na Internet (Social Networks) tem nos trazido aplicações como o Friendester, Dogster, Orkut e LinkedIn que mapeiam a nossa rede de relacionamentos on-line, deixando às claras nossos amigos e mostrando, para nosso espanto, o quanto é grande nossa rede de contatos.

Mas como começou e até onde vai a nova onde de mapear as redes sociais? Uma das experiências mais conhecidas de mapeamento das nossas redes sociais aconteceu em 1967, nos EUA. O cientista Stanley Milgram descobriu que cada um de nós está a apenas seis graus separação de outro grupo de pessoas. Milgram chegou a este número através de uma experiência realizada com 160 pessoas que viviam em Boston e Omaha (Nebraska), nos EUA. Para cada um dos participantes da experiência Milgram enviou uma correspondência com instruções para que a mesma chegasse a uma pessoa-alvo, originária de Sharon, Massachussets, mas que trabalhava em Boston. As pessoas não poderiam enviar a correspondência diretamente à pessoa-alvo, mas deveriam buscar amigos, contatos e pessoas que a conheciam pessoalmente e que pudessem ajudar na entrega da correspondência. Estas eram as regras. Cada pessoa deveria escrever o seu nome na correspondência de modo que depois fosse possível monitorar o caminho percorrido até o seu destino final. O método criado por Milgram ficou conhecido como small-world. Ao final da experiência, Milgram descobriu que o número médio de intermediários entre os participantes da experiência era de seis pessoas. Ou seja, a correspondência, em média, passou por outros seis atravessadores antes de chegar ao seu destinatário final.

Conhecida como “Seis Graus de Separação”, a experiência de Milgram comprova que vivemos num mundo realmente pequeno, e que nossas redes podem ser muito maiores do que efetivamente sabemos. Por exemplo: se tenho dez amigos e estes dez amigos têm cada um dez amigos, a minha rede no primeiro grau de separação é de apenas dez amigos, mas no segundo grau é de 10 x 10 amigos, ou seja, em apenas dois graus de separação estou ligado a cem pessoas. Em seis graus de separação estou ligado a 10 elevado a 6º potência, o que dá um milhão de amigos. Ou seja, teoricamente, a minha rede social é muito maior do que eu realmente conheço. Só que em 1967 era muito mais complicado monitorar nossas redes sociais. Com a Internet, muda tudo.

Aos poucos as redes sociais vão sendo mapeadas através da Internet, sejam elas redes de relacionamentos ou redes de negócios. Todas as aplicações hoje são construídas para mapear nossas redes sociais, desde os comunicadores instantâneos, passando pelos contatos que você tem cadastrado na sua Lista de Endereços do Hotmail. Mas há aplicações específicas, que deixam as redes às claras. O Orkut é uma delas. Desenvolvido pelo Google, não aceita inscrições de novos usuários através da Internet. Para usar o Orkut é necessário que o novo usuário seja convidado a participar, como num clube. Uma vez sendo convidado e participando, o usuário passa a conhecer sua rede de amigos e a rede dos amigos dos seus amigos.

Outra aplicação é o site LinkedIn, que usa aplicações de redes sociais na Internet para mapear as redes sociais de caráter profissional. Segundo release divulgado pela empresa, o LinkedIn recebeu 4,7 milhões de dólares da Sequoia Capital, o mesmo grupo de capital de risco que está por trás do Yahoo!, Google e PayPal, além do Plaxo, que também monitora as redes sociais através da Internet. O LinkedIn oferece aos seus usuários a possibilidade de mapear sua rede de contatos. O site possui uma aplicação que permite copiar os contatos da lista de Contatos do Outlook e enviar um convite para cada um dos usuários. Estes usuários, ao se cadastrarem no site e criarem seu próprio perfil poderão visualizar sua rede de contatos e buscar oportunidades de trabalho ou de emprego através desta rede.

O LinkedIn mapeia quantos graus de separação existem entre cada um dos contatos. A partir do contato com apenas dois profissionais que conheço foi possível criar uma rede de 33,800 pessoas (!), sendo que cerca de 2.100 apenas no Brasil. É possível entrar em contato com qualquer profissional da rede. Porém, os profissionais em todos os graus de separação irão participar deste contato. Ou seja, se for necessário entrar em contato com alguém da minha rede, terei que fazê-lo via os demais profissionais que me separam do meu contato final.

O LinkedIn e o Orkut se inspiram claramente nas idéias de Milgram, da Teoria Small World: cada contato é classificado a partir de graus de separação do usuário cadastrado. E na teoria dos Laços Fracos (The Strenght of Weak Ties) de Granovetter, que provou em 1973 que para conseguir um emprego é mais fácil usar nossos laços com pessoas que raramente temos contato (laços fracos) do que com amigos e familiares (laços fortes). Através do LinkedIn é possível conhecer todos os laços fracos das nossas redes sociais e tentar encontrar emprego ou trabalho através destes laços. Como citado no release do LinkedIn para a imprensa, é 10 vezes mais fácil encontrar negócios ou emprego através de uma rede de contatos do que através de sites de empregos.

 

Para Onde Vão as Redes Sociais?

Observando nossas próprias redes sociais um detalhe salta aos olhos. Existem pessoas altamente conectadas, com grande número de contatos. Estas pessoas são os hubs e os hubs são uma característica das redes de topologia escalável, como a Internet.

Em 1999, o cientista húngaro Barabási provou que a topologia da Internet é de uma rede escalável, ao invés de uma rede randômica. Isso implica numa rede em constante crescimento e com hubs, que são nós (nodes) que congregam o maior número de links. Um site muito linkado é um hub, assim como as pessoas que têm muitos contatos na sua Lista de Contatos do Outlook.

Em 2002, cientistas alemães da Universidade de Kiel provaram que nossa rede de contatos formada através da nossa Lista de Contatos do Outlook também era uma rede de topologia escalável, e como toda rede deste tipo, muitos usuários desempenham o papel de hubs. Os alemães sugeriram no seu trabalho, inclusive, que para deter o avanço de vírus informáticos em redes corporativas era preciso monitorar exatamente as pessoas com maior número de contatos no Outlook. Se os hubs são os culpados pela disseminação dos vírus, poderiam ser ótimos disseminadores de boatos, correntes, e comunicação boca a boca positiva ou negativa sobre produtos e serviços.

Alessandro Barbosa Lima é consultor de marketing em meios eletrônicos e autor do livro E-LIFE – Idéias Vencedoras para Marketing e Promoção na Web.

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