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Micróbio que Vive no “Inferno”

Micróbio que Vive no “Inferno”

Microorganismo Cepa 121, resiste à temperaturas superiores a 121ºC e respira ferro.

Maggie Fox, Reuters, 14/08/03 17:23

WASHINGTON (Reuters) – Um micróbio que habita água fervente e “respira” ferro está ampliando os limites dentro dos quais os cientistas acreditavam que a vida poderia existir, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira. Organismos semelhantes a bactérias podem viver em infernais ambientes submarinos onde a água jorra em ebulição de “chaminés” do solo. Não há luz, a pressão da água é suficiente para esmagar instantaneamente qualquer organismo terrestre e o ambiente está repleto de resíduos tóxicos.

A descoberta indica que a vida pode existir em planetas muito diferentes da Terra. Ela também sugere que a vida nem sempre evolui da forma como a biologia ensina — em águas mornas, repletas de nutrientes, banhadas pela luz do sol.

Kazem Kashefi e Derek Lovley, da Universidade de Massachusetts, fizeram testes em uma amostra de água recolhida a dois quilômetros de profundidade no oceano Pacífico por uma equipe da Universidade de Washington. A região explorada, a cadeia montanhosa submarina de Juan de Fuca, é marcada por gêiseres submarinos que chegam a ter altura equivalente a quatro andares. Não é a primeira vez que formas de vida são encontradas nesses gêiseres.  Para isso, ela se aproveita do equilíbrio entre águas geladas e ferventes e usa o enxofre da água como combustível.

Por exemplo, outro micróbio, o Pyrolobus fumarii, vive a temperaturas de até 113 graus Celsius. Mas o micróbio recém-descoberto demonstrou a capacidade de sobreviver em temperaturas ainda maiores, sem usar nem oxigênio nem enxofre na respiração. Esse organismo queima ferro para transformar sua comida em energia — um papel desempenhado pelo oxigênio em quase todas as outras espécies da Terra. “É uma nova forma de respiração”, disse Lovley em um comunicado.

Kashefi e Lovley testaram a amostra fervendo-a em um esterilizador de aparelhos médicos. Para sua surpresa, eles detectaram um crescimento desses organismos mesmo depois de aquecer a água a 121 graus Celsius — 21 além do ponto de ebulição. Por isso, o microorganismo foi apelidado de Cepa 121. “O crescimento acima de 121 graus é notável porque a esterilização a 121 graus, em equipamentos normalmente pressurizados para manter a água em estado líquido, é um procedimento-padrão que já demonstrou matar todos os microorganismos previamente descritos e esporos resistentes ao calor”, escreveu a dupla em um texto publicado na revista Science. “A esterilização em equipamentos médicos não matou a Cepa 121, e o número de células dobrou após 24 horas sob 121 graus.”

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