(O autor é desconhecido, mas como já pensei a mesma coisa, segue aqui no blog!)
Outro dia sentei em um restaurante com um amigo. A garçonete chega para nos atender, nos cumprimenta com um sorriso:
– Olá Amigues!
“Amigues?”, eu disse, também com um sorriso.
“Isso mesmo, somos um restaurante inclusivo!”, ela respondeu com orgulho.
– Olha que bom! Isso é ótimo porque em pouco tempo chegará um amigo que é cego. Você tem o cardápio em Braille?
– Não, não temos isso.
– Ok, mas minha esposa também vem, mas vem com minha afilhada, que é autista. Menu com pictogramas, otimizado para pessoas autistas, vocês têm?
“Não, desculpe…”, ela disse visivelmente nervosa.
– Não tem problema, isso geralmente acontece. Imagino que a linguagem de sinais para clientes surdos você deve saber certo?
“A verdade é que você está me encurralando”, responde sorrindo de nervoso.
Ela não estava mais confortável, tímida de vergonha, um pouco de culpa e um pouco de desconforto também.
Então eu disse:
– Não se preocupe, isso geralmente acontece. Mas então lamento dizer que vocês não são um lugar inclusivo, vocês querem estar na moda. Aqui, essas pessoas não conseguiriam se comunicar ou pedir para comer ou beber.
Quer ser inclusivo, inclua todos. Todos aqueles que o sistema não dá oportunidade. É difícil, sim e muito, mas não devemos achar que um E, um X, ou @ no final faz de você inclusivo.
Atentar contra a língua portuguesa não lhe tornará inclusivo, lhe tornará burro.
Professora de Português Dando Aula
Texto de Vivian Cabrelli Mansano
Não sou homofóbica, transfóbica, gordofóbica. Eu sou professora de português.
Eu estava explicando um conceito de português e fui chamada de desrespeitosa por isso (ué).
Eu estava explicando por que não faz diferença nenhuma mudar a vogal temática de substantivos e adjetivos pra ser “neutre”.
Em português, a vogal temática na maioria das vezes não define gênero. Gênero é definido pelo artigo que acompanha a palavra. Vou mostrar pra vocês:
O motorista. Termina em A e não é feminino.
O poeta. Termina em A e não é feminino.
A ação, depressão, impressão, ficção. Todas as palavras que terminam em ção são femininas, embora terminem com O.
Boa parte dos adjetivos da língua portuguesa podem ser tanto masculinos quanto femininos, independentemente da letra final: feliz, triste, alerta, inteligente, emocionante, livre, doente, especial, agradável, etc.
Terminar uma palavra com E não faz com que ela seja neutra.
A alface. Termina em E e é feminino.
O elefante. Termina em E e é masculino.
Como o gênero em português é determinado muito mais pelos artigos do que pelas vogais temáticas, se vocês querem uma língua neutra, precisam criar um artigo neutro, não encher um texto de X, @ e E.
E mesmo que fosse o caso, o português não aceita gênero neutro. Vocês teriam que mudar um idioma inteiro pra combater o “preconceito”.
Meu conselho é: ao invés de insistir tanto na coisa do gênero, entendam de uma vez por todas que gênero não existe, é uma coisa socialmente construída. O que existe é sexo.
Entendam, em segundo lugar, que gênero linguístico, gênero literário, gênero musical, são coisas totalmente diferentes de “gênero”. Não faz absolutamente diferença nenhuma mudar gêneros de palavras. Isso não torna o mundo mais acolhedor.
E entendam em terceiro lugar que vocês podiam tirar o dedo da tela e parar de falar abobrinha, e se engajar em algo que realmente fizesse a diferença ao invés de ficar arrumando pano pra manga pra discutir coisas sem sentido.
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Muito boa Meuca
Boa Luciano!
Adorei o texto muito bom e verdadeiro!
isso é grave. o “achismo” só porque incluam palavras de conveniências pessoais não justifica a Inclusão. será um dia encontraremos um Restaurante para todos inclusos na acessibilidades? Surdos, Surdos-Cegos, Cegos, cadeirantes, alem dos Transtornos ( autismo), Down , TDA….