Rui Barbosa, ao chegar em sua casa, ouviu um barulho esquisito vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou que havia um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos. Batendo nas costas do tal invasor, disse-lhe:
– Oh, bucéfalo anácroto! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que reduzir-te-á à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E então o ladrão disse
– Ô moço, eu levo ou deixo os patos?
No Bonde
Rui Barbosa pegando o bonde no Rio de Janeiro, ao passar pela roleta perguntou ao cobrador se o bonde passava na Estação da Mangüeira, ao que o trocador respondeu que o bonde passava, mas na Estação da Mangueira (sem o trema)!
Ao que Rui Barbosa, diplomaticamente se desculpou:
– Mil perdões! Por mais que se possa aprender um idioma, nunca se pode dominar a totalidade dos regionalismos num país tão grande e tão rico em cultura como o nosso!!!
E foi prá frente. Ao que um amigo interceptou o cobrador, dizendo:
– Ô, cara! Você sabe quem é esse baixinho de paletó e gravata que você corrigiu?
– Não sei, não.
– É Rui Barbosa, o maior catedrático em Língua Portuguesa do Brasil!!!
– É ele o Rui Barbosa???!!!
– É!!!
– Xi, então… cagüei-me…
O Açougueiro
O açougueiro do bairro chega no escritório do Sr. Rui Barbosa, ilustríssimo advogado, e pergunta:
– Se um cão vai até um açougue e rouba 2 kg de linguiça, quem deve pagar o prejuízo?
– Obviamente é o dono do cachorro, se for conhecido – respondeu Rui barbosa.
– Então deve pagar-me $20,00, por que foi exatamente o seu cachorro que me roubou a linguiça!
– Pois bem – respondeu Rui Barbosa – Como a minha consulta custa $50,00, o senhor fica então me devendo $30,00.
Não Confundir com Olavo Bilac
Durante muito tempo pensei que o texto abaixo se referisse a Rui Barosa, porém com o tempo descobri que pertence a Olavo Bilac. Recentemente me peguei cometendo o mesmo erro. Então para evitar confusão vou replicar aqui o conto que por tantas vezes me levou ao equívoco:
O dono de um pequeno sítio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o
na rua:
Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o Senhor bem conhece. Pode redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:
“Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer; com extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda”.
Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
Nem penso mais nisso, disse o homem. Quando li o anúncio e percebi a maravilha que tinha! Desisti imediatamente de vender aquele paraíso!