Vivemos momentos dif\u00edceis aqui no Rio de Janeiro com essa escalada da viol\u00eancia decorrente da a\u00e7\u00e3o de criminosos.<\/p>\n

O que fazer pra mudar isso?<\/p>\n

Inicialmente, seria necess\u00e1rio uma revis\u00e3o e reforma do C\u00f3digo Penal e do de Processo Penal, a fim de endurecer as penas dos crimes, bem como das leis que beneficiam aqueles que cometem delitos, a exemplo dos indutos concedidos em datas comemorativas.<\/p>\n

Ora, se a pessoa comete um crime e tem a sua liberdade cerceada em face da aplica\u00e7\u00e3o de uma pena, chega a ser um contra-senso permitir que a mesma saia do pres\u00eddio para comemorar alguma coisa.<\/p>\n

N\u00e3o sei precisar ao certo, mas \u00e9 fato que nem todos retornam.<\/p>\n

Vamos l\u00e1, imagina se a pena de homic\u00eddio qualificado aumentasse de 12 a 30 anos para 25 a 40 anos, sendo cumprida de modo que o preso permane\u00e7a recluso no regime fechado e somente no \u00faltimo ano lhe fosse concedido o regime semi aberto.<\/p>\n

J\u00e1 pensou ser preso com 20 anos de idade e solto quando tiver 50 ou 60, n\u00e3o parece bom, n\u00e9?<\/p>\n

<\/p>\n

Querem ver uma coisa, duvido que um traficante daqui esteja disposto a entrar com drogas na Indon\u00e9sia, o que \u00e9 punido com morte por fuzilamento. N\u00e3o, ele n\u00e3o entraria.<\/p>\n

A\u00ed, algu\u00e9m vai dizer: ah, mas ele pode se arrepender do crime… Ok, acredito na possibilidade de arrependimento dos atos praticados, mas, ainda que isso aconte\u00e7a, as consequ\u00eancias dos il\u00edcitos n\u00e3o se apagam com o arrependimento.<\/p>\n

Gosto do ditado que diz “o que \u00e9 combinado n\u00e3o sai caro”. Ent\u00e3o, a regra do jogo sendo essa, ou seja, saber a que est\u00e1 sujeito, quem ainda quiser arriscar que assuma as responsabilidades daquilo que fizer.<\/p>\n

Mas, pra que isso acontecesse, seria necess\u00e1rio uma revis\u00e3o tamb\u00e9m do cen\u00e1rio carcer\u00e1rio existente. H\u00e1 tempos que os presidido s\u00f3 contribuem para piorar as pessoas que ali est\u00e3o confinadas.<\/p>\n

Penso se n\u00e3o seria melhor o preso trabalhar desde o in\u00edcio da pena. Ele teria condi\u00e7\u00f5es de custear sua estadia ali e manter o sustento da sua fam\u00edlia sem que a sociedade, por interm\u00e9dio do Estado, pagasse a conta.<\/p>\n

\u00c9 justo que voc\u00ea trabalhe, adquira seus bens com todo esfor\u00e7o e ainda seja obrigado a bancar aquele que atenta contra a sua seguran\u00e7a, subtraindo seus bens, geralmente com atos de crueldade? Imaginem ficarmos fadados a permanecer sobre uma cadeira de rodas pelo resto da vida por conta de um meliante que nos assaltou e atirou em n\u00f3s por pura maldade.<\/p>\n

Se observarem bem, aqui s\u00f3 existe pena de car\u00e1ter perp\u00e9tuo para as v\u00edtimas.  \u00c0s vezes fico com a sensa\u00e7\u00e3o que estas est\u00e3o sendo duplamente condenadas.<\/p>\n

Mas voltando ao assunto dos pres\u00eddios, o labor pode ser uma oportunidade de reden\u00e7\u00e3o. Muitos que est\u00e3o ali sequer tiveram um emprego formal.  Dar-lhes uma capacita\u00e7\u00e3o, um of\u00edcio faz com que eles tenham uma possibilidade de trilhar outro caminho que n\u00e3o seja o da criminalidade.  Isso sim poder\u00e1 ressocializ\u00e1-los.<\/p>\n

N\u00e3o, eu n\u00e3o estou vivendo no “Fant\u00e1stico Mundo de Bob”.  Isso n\u00e3o \u00e9 uma tarefa nada f\u00e1cil, mas pode tornar-se um caminho a ser trilhado.<\/p>\n

Para que isso desse certo de fato, v\u00e1rios outros fatores teriam que ser observados, incluindo mudar o “sistema”, que talvez seja a mudan\u00e7a mais dif\u00edcil de todas, e para que isso aconte\u00e7a a mudan\u00e7a deve ser iniciada na sociedade, pois o “sistema” se comporta em observ\u00e2ncia a esta, mas isso \u00e9 assunto pra outro momento, pois o texto seria mais longo ainda.<\/p>\n

Para n\u00e3o estender muito, tamb\u00e9m n\u00e3o vou entrar no m\u00e9rito sobre o que leva um indiv\u00edduo para o caminho da criminalidade que enfrentamos hoje, j\u00e1 que seriam muitos fatores a serem analisados, mas vale um par\u00eanteses para falar que o indiv\u00edduo nasce, ele mesmo, a fam\u00edlia, o Estado e a sociedade falham.  Da\u00ed ele escolhe o caminho errado, a Pol\u00edcia tem que fazer m\u00e1gica para limpar a cagada toda.<\/p>\n

Por outro lado, infelizmente, n\u00e3o h\u00e1 como falar do cen\u00e1rio da viol\u00eancia sem falar da Pol\u00edcia, j\u00e1 que cabe a esta o combate daquela em face do estrito cumprimento do dever legal.<\/p>\n

Sim, a Pol\u00edcia deve prevenir e reprimir o crime, que, pelo principio da legalidade, s\u00f3 o pode fazer no limite da lei.<\/p>\n

Ora, por mais que sejam mais bem preparados dos que os criminosos, em situa\u00e7\u00f5es de confronto os policiais ficam em certa desvantagem, visto a observ\u00e2ncia das normas ao agirem.<\/p>\n

E aqui no Rio de Janeiro, meus amigos, cidade que deixou de ser maravilhosa faz tempo, \u00e9 de conhecimento de todos que h\u00e1 grupos armados que atentam contra o Estado e a sociedade.<\/p>\n

Aqui, n\u00f3s convivemos com uma guerra civil neglicencida em sua exist\u00eancia pelo Estado e a Pol\u00edcia se insere nesse cen\u00e1rio para agir em nome desse mesmo Estado, s\u00f3 que na guerra n\u00e3o h\u00e1 como falar em todos os direitos e garantias.<\/p>\n

Guerra \u00e9 guerra. Nela ganha quem permanece vivo e triunfa contra o inimigo<\/strong>.<\/p>\n

<\/p>\n

N\u00e3o queira cobrar do policial que enfrenta isso diariamente a mesma compreens\u00e3o que n\u00f3s temos.  Tamb\u00e9m n\u00e3o o julgue sentado na sua poltrona porque voc\u00ea n\u00e3o sabe 1\/3 do que ele passa para cumprir sua miss\u00e3o.<\/p>\n

Embora o policial seja um ser humano com as mesmas emo\u00e7\u00f5es, medos e ang\u00fastias que n\u00f3s, com o passar do tempo, \u00e9 compreensivel que esse profissional se torne cada vez menos emotivo.<\/p>\n

N\u00e3o estou aqui tentando argumentar sobre ser ou n\u00e3o piedoso, n\u00e3o se trata disso, mas na guerra voc\u00ea tem que se manter vivo para agir quando preciso e para isso, \u00e0s vezes, faz-se necess\u00e1rio neutralizar o inimigo.<\/p>\n

O que me entristece muito s\u00e3o as mortes de policias e inocentes em decorr\u00eancia desses embates, mas n\u00e3o culpo a Pol\u00edcia, pois n\u00e3o h\u00e1 guerra na hist\u00f3ria que n\u00e3o tenham morrido combatentes e inocentes.<\/p>\n

E eu n\u00e3o acho isso normal, pelo contr\u00e1rio.<\/p>\n

\u00c9 um fato, uma triste realidade que temos que conviver da mesma forma como convivem as pessoas na S\u00edria, Iraque, Ir\u00e3, L\u00edbano…<\/p>\n

Considero os policias honestos e trabalhadores como verdadeiros her\u00f3is.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 qualquer um que veste uma farda e vai trabalhar sem equipamentos adequados, sem sal\u00e1rio compat\u00edvel, arriscando a pr\u00f3pria vida, negligenciados pelo poder p\u00fablico pra defender uma sociedade hip\u00f3crita como a nossa.<\/p>\n

Tenho certeza que se aqueles dois bandidos mortos tivessem sobrevivido e no outro dia ceifado a vida de um inocente, a mesma sociedade que condena os policias hoje estaria se lamentando pela sobreviv\u00eancia desses dois marginais.<\/p>\n

E n\u00e3o venham com aquele discurso que cada um que est\u00e1 ali escolheu ser policial por livre vontade.  Se assim o fizeram, gra\u00e7as a Deus!  Se est\u00e1 ruim com eles, imagina sem eles…<\/p>\n

As pessoas que moram em outros locais do Brasil n\u00e3o entendem como conseguimos viver aqui nessa situa\u00e7\u00e3o, acham que somos loucos. Talvez sejamos um pouco, porque n\u00e3o d\u00e1 pra ser totalmente s\u00e3o nessa situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n