{"id":2546,"date":"2007-09-23T18:27:16","date_gmt":"2007-09-23T21:27:16","guid":{"rendered":"http:\/\/blog.lucianoreis.com\/?p=2546"},"modified":"2018-12-27T01:26:14","modified_gmt":"2018-12-27T04:26:14","slug":"ondas-concentricas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/2007\/09\/23\/ondas-concentricas\/","title":{"rendered":"Ondas Conc\u00eantricas"},"content":{"rendered":"

N\u00e3o sei quem \u00e9 o autor desta imagem, muito menos o que ele estava pensando quando a fez. Talvez, em sua ess\u00eancia, n\u00e3o seja nada disso, por\u00e9m, ao v\u00ea-la, algo me veio \u00e0 mente imediatamente. O que escrevo a seguir deve ter surgido em minha mente em menos de um segundo de observa\u00e7\u00e3o. Caso, algum dia, o autor dessa imagem encontre esse texto, por favor, me informe se tamb\u00e9m pensou a mesma coisa quando a comp\u00f4s.<\/p>\n

Eu vejo um homem, sentado em uma rocha. O ambiente \u00e9 avermelhado, quente e hostil como o interior de um vulc\u00e3o. Na base da rocha, a qual o homem est\u00e1 sentado existe um lama\u00e7al, por\u00e9m n\u00e3o \u00e9 a lama preta que estamos acostumados a ver composta por \u00e1gua e barro, essa \u00e9, como todo o resto do ambiente, avermelhada composta pelo solo parcialmente derretido pelo calor. No c\u00e9u observa-se uma camada de nuvens multicoloridas, formadas pelos gases provenientes desse ambiente vulc\u00e2nico. A ab\u00f3boda celeste n\u00e3o \u00e9 azul, mas uma mistura de vermelho com amarelo e v\u00e1rias rajadas de ambas as cores. Ainda \u00e9 poss\u00edvel ver uma esp\u00e9cie de aurora boreal flutuando no firmamento, imagem essa que causa um pouco de espanto, pois este ambiente parece estar situado em \u00e1rea tropical.<\/p>\n

Olhando novamente para o homem, repentinamente sou levado a me aproximar dele e, antes que percebesse, estou vendo atrav\u00e9s de seus olhos. Ele est\u00e1 ali, parado, contemplando com profunda admira\u00e7\u00e3o aquela po\u00e7a de lama magm\u00e1tica, contemplando as nuvens de gases nobres e contemplando a luz solar que consegue transpass\u00e1-las.<\/p>\n

\u00c9 impressionante ver a partir de seus olhos, pois possuem acuidade fora dos par\u00e2metros humanos. Ele consegue ver as coisas a n\u00edvel molecular e percebe o universo de forma atemporal. Olhando para a lama ele v\u00ea uma intrigante forma\u00e7\u00e3o de carbono e hidrog\u00eanio. Aquelas duas mol\u00e9culas t\u00eam para ele um valor t\u00e3o grande que ele s\u00f3 consegue parar de apreci\u00e1-las para olhar as nuvens. Em meio a todos aqueles gases nobres e metais alcalino-terrosos que as comp\u00f5em, pela primeira vez, ele consegue ver uma grande concentra\u00e7\u00e3o de hidrog\u00eanio. Ele respira fundo, expira e inspira novamente. Suas narinas hipersens\u00edveis notam que o ar est\u00e1 respir\u00e1vel. Viu aquele homem que tudo aquilo era bom.<\/p>\n

Agora, vivendo em seu corpo, percebo que este homem pode se deslocar no tempo e no espa\u00e7o em qualquer sentido, mas ele est\u00e1 ali, parado, num local que, ao meu ver parece o per\u00edodo pr\u00e9-cambriano, sentado, admirando lama, gases e a luz do sol. Opa! O que \u00e9 isso? Trov\u00f5es e raios, est\u00e1 come\u00e7ando a chover e eu, aqui, preso no corpo deste homem, sentado na rocha, completamente encharcado pela chuva. Porque ele n\u00e3o se levanta e procura abrigo? Porque n\u00e3o se desloca para outro local mais agrad\u00e1vel? A composi\u00e7\u00e3o dessa chuva nem \u00e9 a \u00e1gua que estamos acostumados e sim uma coisa grossa que come\u00e7a a aumentar a po\u00e7a de lama. Porque ainda estamos aqui, eu e o homem? Mas o homem est\u00e1 ali, achando bom tudo aquilo.<\/p>\n

Agora a aten\u00e7\u00e3o dele \u00e9 toda voltada para a lama. Sim, estamos no local onde eu pensava estar! Estou vendo a mistura carbono, hidrog\u00eanio, oxig\u00eanio, nitrog\u00eanio, alimentada pelos raios solares formando aquele que ser\u00e1 o primeiro organismo vivo de nosso ent\u00e3o in\u00f3spito planeta! Consigo ver uma seq\u00fc\u00eancia ribonucl\u00e9ica! E o homem est\u00e1 maravilhado… Vendo que aquilo era bom.<\/p>\n

Ent\u00e3o surge algu\u00e9m se aproximando, o qual n\u00e3o consigo ver, e ele pergunta: \u201cmeu senhor, porque est\u00e1 t\u00e3o maravilhado? N\u00e3o v\u00ea que isso n\u00e3o passa de um mero protozo\u00e1rio? Porque perde o seu tempo contemplando um organismo t\u00e3o limitado?\u201d. O homem n\u00e3o responde. A po\u00e7a de lama agora est\u00e1 cheia de \u00e1gua barrenta. O homem estica sua m\u00e3o para a po\u00e7a, ainda chove muito, \u00e9 dif\u00edcil distinguir o espelho d\u2019\u00e1gua devido a for\u00e7a da chuva. Ele toca a superf\u00edcie com as pontas dos dedos e parte da palma da m\u00e3o. De seus olhos vejo apenas isso. A m\u00e3o tocando a \u00e1gua e a sombra do punho refletindo na irregular superf\u00edcie. Para ele, aquilo era bom.<\/p>\n

O homem, ainda em sil\u00eancio, olha para aquele que o interrogara e imediatamente todas as aten\u00e7\u00f5es se focam para m\u00e3o na \u00e1gua. No sexto dia, n\u00e3o h\u00e1 mais chuva e sim o sol brilhante, a superf\u00edcie da \u00e1gua outrora barrenta, agora \u00e9 cristalina. Aquilo que era uma po\u00e7a de lama agora \u00e9 um bel\u00edssimo lago com a \u00e1gua em repouso absoluto, esse repouso s\u00f3 \u00e9 quebrado pela presen\u00e7a da m\u00e3o gerando ondas conc\u00eantricas. A imagem que agora vejo, da m\u00e3o tocando a \u00e1gua, \u00e9 na verdade uma grande celebra\u00e7\u00e3o \u00e0 vida, uma celebra\u00e7\u00e3o \u00e0quilo que \u00e9ramos, \u00e0quilo que somos e uma esperan\u00e7a de onde poderemos chegar. Viu o homem que tudo aquilo era bom.<\/p>\n

A imagem que agora vejo mostra a d\u00e1diva que somos e me leva a pensar no comprometimento que temos com as gera\u00e7\u00f5es futuras. Se, no futuro, aquele homem vai olhar para quem somos e vai pensar “isso \u00e9 bom”. Depende somente de n\u00f3s.<\/p>\n\n\n

\"\"<\/figure><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Apenas um vislumbre que tive ao ver uma imagem.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":2698,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"jetpack_post_was_ever_published":false,"jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false,"jetpack_publicize_feature_enabled":true,"jetpack_social_post_already_shared":true,"jetpack_social_options":{"image_generator_settings":{"template":"highway","enabled":false}}},"categories":[54],"tags":[],"jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i0.wp.com\/blog.lucianoreis.com\/wp-content\/uploads\/2007\/09\/AuraHand-Wide.jpg?fit=399%2C225&ssl=1","jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/pav3ZT-F4","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2546"}],"collection":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2546"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2546\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2700,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2546\/revisions\/2700"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2698"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2546"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2546"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2546"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}