{"id":2536,"date":"2006-07-07T18:20:14","date_gmt":"2006-07-07T21:20:14","guid":{"rendered":"http:\/\/blog.lucianoreis.com\/?p=2536"},"modified":"2018-12-27T02:25:26","modified_gmt":"2018-12-27T05:25:26","slug":"o-atol","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/2006\/07\/07\/o-atol\/","title":{"rendered":"O Atol"},"content":{"rendered":"\n\n\n
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Einstein j\u00e1 dizia que o tempo n\u00e3o \u00e9 uma grandeza cont\u00ednua e que ele varia conforme a percep\u00e7\u00e3o de quem o aprecia. Este conto nada cient\u00edfico ilustra bem o ponto de vista espa\u00e7o-tempo.<\/p>\n

Abri os olhos e l\u00e1 estava eu em uma bela lancha navegando pela ba\u00eda de Angra dos Reis. O local era paradis\u00edaco e a presen\u00e7a dos dois queridos amigos M\u00e1rcio e Ana faziam da experi\u00eancia algo muito mais agrad\u00e1vel. Nesses momentos podemos apreciar qu\u00e3o boa \u00e9 a vida e qu\u00e3o prazeroso \u00e9 este planeta que recebemos de presente. Acelerei e pude sentir o poder daqueles dois motores de 350HP cada deslocando a luxuosa embarca\u00e7\u00e3o de 38 p\u00e9s que cortavam o oceano como uma bailarina em apresenta\u00e7\u00e3o de gala. Era poss\u00edvel sentir a m\u00e1gica da vida na minha face cortando o vento, naquelas aves acompanhando o barco ou na simples beleza do espelho de \u00e1gua estendido como um tapete. Nada \u00e9 t\u00e3o bom que n\u00e3o possa melhorar! Foi quando avistei o atol, que despontava nas \u00e1guas tornando aquele cen\u00e1rio ainda mais belo. Sugeri aos amigos que par\u00e1ssemos para explorar e, penetrando a forma\u00e7\u00e3o ancoramos acerca de 20 metros da praia, no interior da forma\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

N\u00e3o havia risco de encalhar pois a \u00e1gua estava t\u00e3o cristalina que era poss\u00edvel ver o fundo desde a entrada do atol. Sa\u00edmos da lancha e caminhamos pela \u00e1gua at\u00e9 chegarmos aquela praia virgem, a areia branca dava um clima de paz e a vegeta\u00e7\u00e3o composta por flores cativantes era um convite a uma caminhada. A ilha n\u00e3o era muito grande, tendo aproximadamente 200 metros de extens\u00e3o de praia na parte interna. O amigo M\u00e1rcio deixou-se encantar por aquelas flores e \u00e1rvores e adentrou a pequena floresta. Eu e Ana fomos andar na \u00e1gua, maravilhados com a beleza da vida marinha.<\/p>\n

A 100 metros da praia, a profundidade n\u00e3o era suficiente para a \u00e1gua cobrir nossos ombros e era poss\u00edvel ver os peixes a areia branca ao fundo que se pulverizava quando pis\u00e1vamos, a vegeta\u00e7\u00e3o subaqu\u00e1tica ornamentava aquele fundo branco e servia de celeiro para grande variedade de vida.<\/p>\n

Ficamos ali a apreciar, quando percebi que os olhos de Ana eram t\u00e3o belos quanto tudo o que estava vendo. A suavidade de sua m\u00e3o fazia aquele momento ainda mais inesquec\u00edvel, quando ent\u00e3o fiquei contemplando tudo aquilo numa posi\u00e7\u00e3o que a possibilitava se alojar em meus joelhos. Naquele clima de rom\u00e2ntico que acontecia, o calor de nossos corpos era suficiente para aquecer a \u00e1gua, e ficamos l\u00e1 trocando car\u00edcias num prolongado abra\u00e7o que parecia fazer o tempo parar.<\/p>\n

Ana me lembrou que M\u00e1rcio estava por voltar, e ele n\u00e3o deveria ver at\u00e9 onde nos envolvemos, ent\u00e3o lhe mostrei a extremidade do atol e propus que dever\u00edamos caminhar at\u00e9 l\u00e1 para ficarmos na parte externa, longe dos ausp\u00edcios olhares. Caminhamos com dificuldade sobre as pedras at\u00e9 que chegamos ao lado externo, em contato com o oceano aberto, sentamos nas pedras e nos deixamos envolver em car\u00edcias novamente.<\/p>\n

Abri os olhos e l\u00e1 est\u00e1vamos n\u00f3s, \u00e0s margens do Rio Arruda, em Belo Horizonte. No meio da metr\u00f3pole com pr\u00e9dios em todos os lados, uma avenida movimentada e o rio canalizado ao nosso lado. Ana ficou confusa e eu gastei alguns segundos at\u00e9 perceber o que havia acontecido. Expliquei a ela que aquilo era um sonho, e que dever\u00edamos voltar para explicar ao amigo M\u00e1rcio que toda aquela maravilha n\u00e3o passava da resultante das sinapses cerebrais de um dorminhoco rom\u00e2ntico.<\/p>\n

Olhamos para o rio e ele fazia uma leve curvatura para a esquerda, como se fizesse o contorno do atol. Prosseguimos caminhando naquela dire\u00e7\u00e3o por longos minutos at\u00e9 percebermos que, aquela curva era infinita. Foi f\u00e1cil chegar a conclus\u00e3o de que naquele mundo imagin\u00e1rio poder\u00edamos passar a vida caminhando e o panorama continuaria o mesmo.<\/p>\n

Doeu em mim, mas tive que explicar a Ana, que o nosso tempo estava acabando, que em breve eu acordaria e aquele mundo, aquela ilha, aquele mar, tudo seria eliminado como um computador quando \u00e9 desligado. Com isso, tudo o que vivemos, aquela ardente paix\u00e3o que pareceu durar s\u00e9culos n\u00e3o passava de microssegundos na minha \u00e1vida imagina\u00e7\u00e3o. Ela chorou e tentou alternativas para continuarmos juntos, mas infelizmente nada poderia mudar o destino. Abracei, sequei suas l\u00e1grimas em minha camisa e enquanto me aproximava para um beijo de despedida… Abri os olhos e l\u00e1 estava eu no meu quarto, a aus\u00eancia de algu\u00e9m ao meu lado na cama era o necess\u00e1rio me lembrar de tudo o que havia acontecido.<\/p>\n

M\u00e1rcio ficou para sempre perdido naquela ilha e Ana, em Belo Horizonte a lembrar que o amor nasce quando menos se espera, sobrevive em qualquer circunst\u00e2ncia, e ainda dure um milissegundo pode ser vivido intensamente como se durasse uma eternidade.<\/p>\n

Nota: Os nomes dos personagens s\u00e3o fict\u00edcios<\/span><\/p>\n<\/div>\n<\/div>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Vislumbre de uma viagem fant\u00e1stica a um para\u00edso tropical.<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":2708,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"jetpack_post_was_ever_published":false,"jetpack_publicize_message":"Vislumbre de uma viagem fant\u00e1stica a um para\u00edso tropical.","jetpack_is_tweetstorm":false,"jetpack_publicize_feature_enabled":true,"jetpack_social_post_already_shared":true,"jetpack_social_options":{"image_generator_settings":{"template":"highway","enabled":false}}},"categories":[54],"tags":[],"jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i0.wp.com\/blog.lucianoreis.com\/wp-content\/uploads\/2006\/07\/Atol-Molokini.jpg?fit=919%2C517&ssl=1","jetpack_sharing_enabled":true,"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/pav3ZT-EU","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2536"}],"collection":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2536"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2536\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2709,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2536\/revisions\/2709"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2708"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2536"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2536"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/blog.lucianoreis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2536"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}