Qual Grosseria é Mais Destrutiva?

Em meio a guerra urbana que acontece na cidade do Rio de Janeiro, uma foto circulou nas mídias sociais logo após a intevenção do BOPE em incidente violento no qual bandidos moradores da Cidade Deus aterrorizaram a população ao invadir a Linha Amarela. Tal foto pode ser vista apenas como uma manobra política porém a tal fez emergir palavras que estavam no profundo de uma amiga, oficial do Exército Brasileiro materializando o texto a seguir:

Ele é operacional, paraquedista… Também é político, sabe se relacionar… Ser político não é defeito… Muitos bandidos se formam na Brigada Paraquedista… No entanto, esse senhor tem muita história que essas fotos somente não contam e que me fazem respeitá-lo. Ah, e as grosserias que ele fez??? Prefiro isso às grosserias caladas e fingidas que levamos na cara todos os dias, desses homens e mulheres que comandam nosso país, manipulando a massa e transformando-nos em gado rumo ao matadouro, praticamente deixando-nos num caminho sem saída.

A vida nesta cidade está insustentável, e esta cultura carioca é a que está se espalhando pelo Brasil. Todo o País está se favelizando. Ideologia de gênero, funk, patrimônio cultural, ônibus queimados e arrastões em ex-paraísos tropicais, direitos humanos para não-cidadãos e cidadãos confinados sem nenhum direito, muito menos direitos humanos, salário reduzido que não cobre nem o básico, qualidade de vida estimada como luxo, não como essencial… Completem a lista.

Igrejas corrompidas… Pastores unidos??? Pastor não é casta, não é classe social… Pastor deveria ser servo, tão humilde que seu exemplo arrastaria toda a sociedade. No entanto, nunca tivemos tantas igrejas evangélicas, tantas pessoas cristãs ou crentes, e também nunca fomos tão vulgares!

Assim, para fechar meu surto verborrágico, o que me atrai no Bolsonaro não é ele sair bem na foto, nem ele vir simplesmente na contramão do que se vê por aí, mas é uma figura coerente em toda a sua história, consistente em seu discurso e seus valores desde que ouvi falar dele, quando ele começou na política e frequentava todos os quartéis – o que faz até hoje – inclusive quando ele defende não defender pretensas minorias, mesmo as mulheres. Ok, políticos escolhem suas bandeiras… Pode ser. Ele é um bom político. Pode não parecer, mas algo o sustentou em Brasília até hoje…

A boa política é necessária. Então ele tem plenas condições de ser nosso governante. E tem formação, educação. É culto. É patriota. É corajoso. É um bom cidadão. É humano. É grosso… Tosco mesmo. Quem disse que a Dilma, o Lula, o FHC, o Sarney e o Collor não são grossos? São grossos e arrogantes. Então… Falta eu enumerar os feitos políticos do Bolsonaro, mas não tenho base pra isso. Esse é o defeito mais comum na gente: não somos cidadãos politizados. Apegamo-nos às figuras dos nossos políticos, e nossa memória seleciona os feitos, os projetos, os fatos para a lixeira. Eu não saberia enumerar os anões do orçamento, nem dizer todos os nomes envolvidos na Lava-Jato. Corro o risco de reeleger algum deles, mesmo sem votar neles, simplesmente porque desconheço os detalhes da lei eleitoral e não sei como meu voto será usado pelos partidos, o que põe em risco o governo até do melhor político que eu escolher.

Então o lance é que sou eu que tenho que passar a me enxergar ali, no meio daquela foto, entre os PMs, e parar de dizer que essa guerra não é minha. Ela é. Eu sou culpada, responsável, e sou eu que vou mudar isso, não é o Bolsonaro – não sem mim.

Ontem passamos por um caveirão. Foi a primeira vez que meu filho viu aquele carro blindado, negro, todo cheio de marcas de tiro. Quando ele me perguntou sobre o que era aquele carro, pela primeira vez eu me emocionei. Quando vi aquelas marcas na janela do blindado, algo distante do nosso cotidiano, caiu uma ficha… Esses policiais… Pedro perguntou se eles eram bandidos, por causa dos tiros, e pela primeira vez respondi que eles são os nossos verdadeiros heróis. São amargos, toscos, tortos, mas são eles para não sermos nós…

Desculpem-me pelo surto, que não cessou quando prometi. Fui pensando e escrevendo e não vou revisar. Estou cansada de esconder minha farda, minha identidade, de viver com medo como se eu fosse a marginal…

Fernanda Bittencourt