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Convicção na Incredulidade

Convicção na Incredulidade

Tenho visto muita gente que se diz ateu, abraçar uma fé nas horas difíceis. Esse amigo me chamou a atenção pelo nível de convicção que ele possui em sua descrença. Vejam até onde ele foi na prática do ateísmo.

Aqueles que me seguem sabem que professo a fé Cristã e sirvo na Igreja Batista, porém com todo o respeito que possuo à Liberdade de pensamento e crença de todas as pessoas, e salientando que o amigo em questão permanece na minha mais alta estima, admirei a forma valente que ele adotou para fazer valer suas convicções.

— Início de Transcrição —

FUI EXCLUÍDO OFICIALMENTE DA IGREJA CATÓLICA!

Depois de quase um ano a igreja concordou e enviou por carta registrada meu pedido de exclusão. Não é uma excomunhão como eu pedi, mas é bom o bastante. Não sou mais católico, oficialmente.

Segue texto completo da minha solicitação.

São Paulo, 8 de novembro de 2016
Ao Cardeal Arcebispo de São Paulo
Av. Higienópolis, 890 – Higienópolis
São Paulo – SP, 01238-000

Prezado senhor,

Tendo sido involuntariamente batizado alguns dias após o meu nascimento e obviamente sem o meu consentimento, eu infelizmente ainda consto formalmente como membro de sua organização. Hoje aos 53 anos de idade eu não nutro nada além de um profundo desprezo pela Igreja Católica.

Eu acho extremamente ridículas e infantis as ideias de seres e ações sobrenaturais, da Fada do Dente ao Zumbi da Palestina.

As religiões dividem os seres humanos e semeiam a discórdia entre eles. Elas apoiam-se em instintos humanos tribais e são capazes de aflorar o que existe de pior no ser humano, transformando bons em maus. Como disse o físico e ganhador do Prêmio Nobel Steven Weinberg, “Com ou sem religião, pessoas boas farão coisas boas e pessoas más farão coisas más. Porém para pessoas boas fazerem coisas más, é preciso religião”.

Todas as igrejas, sem exceção, são organizações criminosas que se aproveitam da ignorância alheia para almejar poder e riqueza aos membros do “clero”. E sem pagar impostos, ainda por cima!

Eu abomino com fervor a ideia de um “deus-ditador” omnisciente e omnipotente, ao qual devemos obediência cega. Essa é a pior ideia que Humanidade jamais teve. Se for para os ignorantes acreditarem em bobagens sobrenaturais, o politeísmo pelo menos nos trazia deuses com falhas e não o deus-ditador Jeová das religiões “Abrahamicas”, capaz de justificar todo o tipo de atrocidades infelizmente tão comuns no mundo de hoje.

Eu acredito que toda a bíblia, tanto o velho como novo testamento tenham sido escritos por homens ignorantes e mesquinhos, imersos em sociedades atrasadas, violentas e culturalmente deploráveis. Esse livro vil faz apologia de ideias genocidas, misóginas, racistas, escravocratas, violentas e trata as pessoas como propriedade.

Eu desprezo a ideia que tenhamos um “pecado original” herdado de nossos ancestrais graças a atos bizarros de um deus ignorante, caprichoso e vingativo, bem como que o “batismo” remova esse “pecado”.

Me enoja a “doutrina da salvação” e a ideia de que não somos responsáveis por nossos atos e que podemos expiar as mais terríveis ações através do sacrifício humano de um terceiro ou do “arrependimento”.

Eu absolutamente não acredito que o personagem conhecido como Jesus Cristo tenha existido e abomino a maior parte dos “ensinamentos” imorais feitos em seu nome, especialmente as partes em que o Antigo Testamento é reafirmado.
Eu considero a doutrina da “transubstanciação” e o ritual canibalesco a ela associado absolutamente grotesco.

Toda a história do Cristianismo e da Igreja Católica são uma comédia de erros, mentiras e enganações perpetradas por vigaristas violentos e egoístas como forma de controlar um povo ignorante.

Me causa repulsa a organização da Igreja Católica, sua disciplina paramilitar e as enormes atrocidades cometidas ao longo de sua longa e sangrenta história, como as Cruzadas, a Inquisição e as guerras nos estados papais até a bem-afortunada libertação de Roma pelas forças do Estado Italiano no final do século XIX. É uma pena que o serviço não foi completado e meio quilometro quadrado dessa grande cidade ainda estejam sob o julgo da sua organização, incrivelmente com algumas das prerrogativas de “país independente”. Estas prerrogativas foram amplamente abusadas de forma a dar guarita a criminosos sanguinários, de genocidas nazistas a ditadores Africanos cleptocratas.

O período histórico no qual a Igreja Católica teve grande poder político é conhecido como “Idade das Trevas” e atrasou o avanço da ciência e tecnologia por mil anos.

Eu abomino o tratamento dispensado pela sua organização às mulheres como “seres de segunda categoria” e a sua longa tradição em perseguir minorias como cientistas, divorciados, canhotos, negros e homossexuais.

Me causa asco a sua posição ativa e militante de impedir o uso de anticoncepcionais e, em especial, às mortes e ao flagelo humano causados atualmente na África pela falta de seu uso.

Me revolta a sua doutrina de erguer à “santidade” indivíduos politicamente bem colocados, em especial a assim chamada “Madre Teresa de Calcutá”, um lixo sub-humano que incentivava e utilizava-se do sofrimento e miséria alheios como forma de obter autopromoção e alimentar a sua vaidade macabra.

Eu tenho raiva que a Igreja Católica seja uma organização que ativamente promova e acoberte a pedofilia, ao mesmo tempo em que interfere de maneiras bizarras na vida sexual natural de seus “fiéis” e colaboradores. Devo acrescentar que sou um masturbador e fornicador contumaz e que faço amplo uso de toda sorte de métodos anticoncepcionais, especialmente os expressamente condenados por sua organização. Aproveito para dizer que não condeno completamente o aborto, que na minha opinião deve estar disponível de maneira segura e gratuita às mulheres que queiram fazê-lo.

Aos que acreditam em organizações de caridade ou “clubes sociais”, eu recomendo o Rotary ou a Maçonaria. Mais honestos, eficientes, eficazes e sem as bobagens sobrenaturais ou a necessidade de sustentar uma burocracia internacional de pedófilos vivendo nababescamente e fingindo possuir um país.

Eu expressamente repudio tudo que seja considerado os “ensinamentos de Jesus Cristo”, do “Pai” e do “Espírito Santo” e todos os deuses menores fabricados ao seu redor ao longo dos anos (Jose, Maria, Ana, os vizinhos, parentes, etc), bem como a todos “ensinamentos” e doutrinas da Igreja Católica. Eu declaro não seguir nenhuma instrução feita pela Igreja Católica ou qualquer um de seus representantes, desde simples padres até o Papa, os quais nunca tiveram nem nunca terão a menor sombra de autoridade sobre mim.

Repudio firmemente a existência de um “espírito santo” com poderes sobrenaturais e capaz de milagres.

Renuncio expressamente qualquer vantagem, neste e em “outro” mundo que possa ser conferida ao pertencer à Igreja Católica.

Sendo assim, venho solicitar que eu seja formalmente EXCOMUNGADO de sua organização. Pelo meu entendimento de sua doutrina e tradições, esta carta me parece ser o caminho mais apropriado.

Tenho a impressão que destruir propositalmente uma bolachinha insossa que vocês chamam de “hóstia consagrada” seja outro caminho, mas prefiro furtar-me a esse ato por enquanto, por acreditar que esta carta e sua posterior resposta seja o mecanismo mais adequado.

Por favor confirme a minha excomunhão por escrito através de carta, o mais rapidamente possível. Se houverem pequenas taxas administrativas estou disposto a pagá-las. Estejam à vontade para entrar em contato por email ou telefone para cobrá-las.

Estou também à disposição para maiores esclarecimentos em caso desta carta não conter todos os elementos necessários à minha excomunhão. Segue em anexo cópia da minha certidão de batismo.

Atenciosamente,

Mauro (…)

— Fim de Transcrição —

Segue resposta da Igreja Católica:

MauroSantanna04_LI

E a certidão de batismo averbada:

MauroSantanna02_LI

0 thoughts on “Convicção na Incredulidade

  1. Sou Mauro e gostaria de dizer o seguinte acerca do título.
    Eu e você temos praticamente a mesma “convicção na incredulidade”. Você não acredita em 99.97% dos deuses que a humanidade já cultuou ou ainda cultua. Eu não acredito em 100%.
    A diferença de incredulidade entre eu e você é ínfima.

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